foto promocional de Hildebrando Bonamini para a PRI-2
sonoplasta Cândido Piedade, o famoso Candinho.
locutores Sergio Paiva e Wolner Camargo - PRI-2. Paiva foi um dos 1os speakers marilienses a fazer fama fora: transferiu-se para a Radio Tamoyo do Rio de Janeiro-DF.
Vereador Adhemar de Toledo no palco-auditório da Radio Club de Marilia.
Cantora não identificada sendo acompanhada pela Orquestra do maestro Schubert Araújo Silva, no Tennis Club de Marilia na Avenida Sampaio Vidal.
Regional da Radio Club de Marília com o acordeonista Atílio Sizoto e o violonista Octavio Lignelli. Sizoto gravou um 78 rpm pela Odeon em 1940 com duas valsas de sua autoria: 'A voz do coração' e 'Laura'.
Octavio Lignelli segura o violão, Miguel Neto segura o microfone e o flautista João Anequini passa em 1o. plano.
Faixa anuncia apresentação de Raul Tôrres, Florêncio & Rieli, em 1945, quando a Radio Club ainda era em cima do Cine-Bar, na Avenida Sampaio Vidal.
show de Raul Tôrres, Florêncio & Rieli na maquize da PRI-2 em 25 Fevereiro 1945.
fila dobrando a esquina para assistir a matinee do Cine Marilia ou a um programa de auditório da Radio Club de Marília.
o feliz publico mariliense lota as dependências do auditório da Radio Club de Marília nos anos 1940s.
Paulo Machado de Carvalho, dono da Radio Record, a Maior, é o 2o. da esquerda p'ra direita em foto de 8 Julho 1943.
homens ligados ao radio em reunião no Rio de Janeiro. Oscar de Moraes, o 1o. dono da PRI-2, é o segundo homem em pé, da esquerda p'ra direita. Ele veste terno branco.
mais uma convenção de homens ligados ao radio.
funcionários da Radio Club de Marília nos anos 1940s.
Alice Rodrigues, funcionária exemplar da Radio Club de Marília.
Octavio & Pedrinho, dupla caipira que se apresentava na Radio Club de Marília.
Rosina de Moraes Costa e Marília
No início, o rádio objetivava
alta qualidade em seus programas, como expressa o radialista Wolner Camargo em
artigo do Jornal Correio de Marília, no Natal de 1945, em sua coluna “Rádio e
Educação”: “Indiscutivelmente, o rádio constitui um dos meios mais práticos e
acessíveis à educação das massas”. Nesta fase, a programação musical era
composta de musica erudita, audições de piano e música de câmara.
Localizada inicialmente
no prédio ao lado do antigo Cine Bar, na Avenida Sampaio Vidal a PRI-2 tinha um
grande auditório denominado Fernando Moraes Costa e lá eram realizados
programas com a participação do público, programas de estúdio e audições de musica
clássica. Sob a administração de dona Rosina de Moraes Costa, viúva do
radialista Fernando Getúlio Costa, que foi sócio-proprietário de Assis
Chateaubriand na Rádio Difusora de São Paulo.
D. Rosina foi grande
incentivadora e promotora dos locutores que se destacavam na PRI-2,
encaminhando os melhores para as Rádios Tupi e Difusora de São Paulo.
Rubens Coca Ramos,
hoje jornalista, foi técnico de som da PRI-2 e Darcy Martinez Ramos, sua mulher, foi
cantora e ‘Rainha do Radio’ na mesma emissora. Eles lembram o ambiente
artístico dos anos 50 e o que acontecia no auditório da Radio Clube de Marília.
“A música regional tocava
muito no rádio aqui em Marília. Muitos se destacaram nos programas de auditório
como a dupla Vieira & Vierinham, que tocavam o estilo cateretê e gravaram
mais de dez discos 78 rpm. Caim & Abel, que inicialmente eram Bolinha,
Esmeralda & Periquito. Dentre os trios repentistas havia Zé Mineirinho,
Tajubi & Lia Moreno, que ficaram famosos com a musica “Comigo é oito ou
oitenta”.
Na musica popular havia o
talento de Clarice Sanches interpretando várias canções de Otavio Lignelli,
tendo gravado o disco “A flor do amor”, fazendo dupla com o cantor mariliense
Francisco Alves (não confundir com o Rei da Voz). Coca nos lembra também de Meire Vendromam, que hoje é
proprietária de uma emissora de TV na Argentina.
Outros sucessos nos
programas de rádio foram Joaquim Dias, conhecido como 'Sabonetão',
Carlos Bortolotti, José Marques Beato e a esposa Maria Candelária; a Orquestra
de Feis Féres, musico e patriarca de uma família musical que encantou toda a
cidade por muitos anos em bailes e carnavais.
No auditório da Rádio
Clube faziam sucesso “Domingo é nosso”, “Romance do riso e do ritmo”, “Roda
Gigante”, “Programa Infantil”, este último patrocinado pelo Pastifício Marília e
que fazia a alegria da criançada nas manhãs de domingo junto com a Ailiram que
distribuía as famosas “Balas 7 Belo”(balas mastigáveis).
Antes dos programas radiofônicos
havia apresentações circenses, com artistas de circo que por ventura estavam visitando a cidade no
momento, como Circo Garcia, Circo Teatroscope. As crianças ganhavam ingressos para o circo e
a diversão do domingo a tarde ficava garantida.
O Regional de Octavio
Lignelli acompanhava tanto calouros como profissionais, tendo o mestre Lignelli
ao violão, Deodato Stefanini no acordeão, João Correa Neto ao violão, João
Anequini na flauta e Erasmo Gonçalves no 3º. violão.
Nos anos 1950, enquanto
na Radio Nacional do Rio de Janeiro havia uma rivalidade entre Emilinha Borba e
Marlene que se degladiavam para vencerem o concurso de Rainha do Rádio, em Marília
não era muito diferente.
Em 1963, houve uma
disputa que aconteceu nas Radios Dirceu, Vera Cruz e Clube de Marília, e a
vencedora foi Darcy Martinez, que relembra o acontecido: “Os ouvintes tinham
que ir até os estúdios de uma das emissoras e votar. No dia da coroação, havia
muitas apresentações musicais culminando com a revelação da vencedora, sua
coroação e a passagem da faixa.”
texto escrito por Wilza Matos.
Cartazes Sul Americanos em Marília-SP.
Roberto Vargas, cantor uruguayo que se apresentou em Marília em 24 Março 1948.
Brasil Queirolo em retrato feito no Foto Muzzi em Marilia.
Nery Porchia: Lembram-se do Brasil Queirolo, que cantava pelo Brasil afora?
Augusto Milaré: Se não me falha a memória, trata-se de Brasil José Carlos Queirolo, nascido e criado no Circo Irmãos Queirolo e depois tornou-se o conhecido Palhaço Torresmo.
Milaré: Carlus, o Circo Irmãos Queirolo era de proprietários espanhóis, ou de língua espanhola, uruguaios talvez. O nome de Brasil deve ser homenagem ao país, ou então adotado.
Palhaços Fuzarca e Torresmo visitam o Club do Papai Noel, na TV Tupi, Canal 3 - tendo a menina Sônia Maria Dorce e Homero Silva no meio.
Fuzarca (Albano Pereira Neto) & Torresmo (Brasil José Carlos Queirolo) no auge da fama nos anos 1950s.
palhaço Chicharrão era Jose Carlos Queirolo, que veio do Uruguay para o Brasil em 1912. Batizou um de seus 11 filhos de Brasil.
Cantor latino-americano Tino ou Tim Marzo, provavelmente uruguayo ou argentino, já que de descendência italiana, em foto de 1949.
Doalcey Bueno de Camargo nasceu em Itápolis-SP, em 1930 e faleceu no Rio de Janeiro em 29 de agosto de 2009.
Walter Silva (o popular Pica-Pau) e Geraldo Tassinari no departamento de divulgação da Radio Nacional de São Paulo nos anos 1950.
WILSON MATOS & BERNARDO CARRERO
Entrevista de Wilson Matos e Bernardo Carrero à Nery Porchia, nos
estudios da Faculdade de Jornalismo da Unimar em Marília, realizada em Abril de 1998.
Bernardo Carrero nasceu em 11 Agosto 1929, em São José do Rio Prêto-SP e faleceu em 3 Agosto 2007.
Wilson Matos: ... e sempre davam palpites 'Você tem voz boa!' Por que v.
não tenta ser locutor de rádio!' E havia aquela familiaridade da Radio com o
publico através do programa-de-calouros. Aí começamos em 1947, 1948 a
participar dos programas-de-calouros, ganhando alí um prêmio do Café Propheta, e
alí fomos nos familiarizando com o microfone. Até que veio um convite p'ra que
nós, no dia 17 de outubro de 1951,
assumíssemos o nosso horário dentro da Radio Club de Marília, numa célebre
tarde, as 15:30.
Nery Porchia: Bernardo, v. estava mais na locução esportiva. Tinhamos
grandes nomes como Sergio Paiva, Raul Brunini.
Quando você começou?
Bernardo Carrero: Antes de chegar na Radio Club
de Marília, em 1946, eu fazia o Gymnasium do Estado, na Avenida Sampaio Vidal.
Na época, o diretor era o professor Amilcar Mattei. Na minha classe, a 3a. série
ginasial, existiam alguns elementos que militavam na Radio Club: Doalcey
Camargo, Milton Camargo, Geraldo Tassinari e depois, na mesma classe, apareceu
o Dalmácio Jordão. A professora de português Berta Camargo Vieira, era muito
exigente e devido às aulas de leitura, o Doalcey e Milton falavam: 'Carrero,
você tem voz boa. Você não gostaria de trabalhar na Radio Clube?' Então eu
comecei a frequentar a Radio em 1946 e 1947.
Amelia Paiva Bertonha comenta: ‘Eu estava nessa classe do Gymnasium e me divertia com Geraldo Tassinari, que toda hora fingia ser locutor e irradiava as nossas travessuras dos intervalos entre as aulas...’ Ariel Fragata também foi um locutor muito bom da Radio Clube. Ele morava na esquina da Rio Branco com a rua São Luiz. Depois partiu para outro ramo que não o radio. 11 Dezembro 2012.
Bernardo Carrero continua sua narrativa: Em 1949, surgiu a grande oportunidade. O Luiz Ayala, que era
locutor-chefe, me viu lá e pediu um teste, por indicação do Tassinari, e me
lançou, inicialmente como locutor comercial. Ele gravava lá algumas novelas e
eu lia aqueles textos e aparecia no Programa Infantil, na época patrocinado por
Fazenda Santa Maria do Aguapeí de Vito Camargo Bodini (e depois pelo
Pastifício Marília, que ficou muito tempo). E eu lia aqueles textos e fui me
soltando, no começo meio trêmulo, e do lado o regional do professor Octavio
Lignelli e o animador o Luiz Ayala, que já tinha trabalhado na Radio Mayrink
Veiga do Rio de Janeiro. Até me encaixar definitivamente na radio, depois como
noticiarista.
Em 1952, Geraldo Tassinari foi p'ra São Paulo e passou num teste da
Radio Nacional, que tinha um departamento esportivo comandado pelo Wilson
Brasil, tendo Jaime Moreira Filho, Helio Priolli etc. Tassinari indicou meu
nome para dona Rosina Moraes Barros, que era a proprietária da Radio Club em
sociedade com Ulisses Milton Ferreira. Concorri com outro candidato, Muybo
Cesar Cury, que se propôs a fazer narrativas-de-futebol. Fomos ao estádio e
gravamos com aqueles gravadores que tinham um araminho em vez de fita. E na
apreciação de dona Rosina e Lignelli eu fui o vencedor. Tassinari partiu p'ra
São Paulo e me transferiu o comando do departamento esportivo da Radio Clube de
Marília. Radio reportagem, A Voz da Polícia, com o Wilson Matos, programas de
auditório, fui animador do Programa Oportunidade, aos sábados, das 8 as 9 horas
da noite que era patrocinado pelo Café Propheta do Lazinho. Até 1970 que me desliguei, quando passei a me
dedicar exclusivamente à Caixa Econômica do Estado de São Paulo, onde eu também
era funcionário.
Nery Porchia: Sergio Paiva foi p'ro Rio de Janeiro o 1o. locutor de Marilia a ir
p'ro Rio p'ra Radio Tupi do Rio. Luiz Ayala veio do Rio através da Radio Tupi
de S.Paulo. Doalcey Camargo. O Reporter
Esso as 20 horas com Heron Domingues... a Radio Tupi re-edita...
Bernardo Carrero: Marilia foi uma verdadeira escola de radio. Jaime Martins (TV Cultura), foi meu colega no Gymnasium; um que apareceu no 'Programa Oportunidade' foi o James Bemprie (?) diretor de jornalismo; Amaro Cesar, Jonas Garret (foi p’ra Globo do Rio); Wolmer, Sergio Paiva, Omar Nunes, Omar Cardoso...
Dalmácio Jordão intervem posteriormente para corrigir o que Bernardo Carrero falou
sobre como ele (Dalmácio) se tornara o locutor do Reporter Esso da Radio Tupi de
São Paulo:
"Parabéns à Wilza por postar essa relíquia e também ao Nery pela
excelente entrevista com Bernardo Carrero e Wilson Matos. Apenas uma observação
e esclarecimento com relação a uma citação do Bernardo: d. Rosina de Moraes
Costa, proprietária da Radio Clube de Marília e Homero Silva, na época
locutor-chefe da Radio Tupi de São Paulo, eram, realmente, amigos, mas nada
tiveram a ver com minha seleção para o cargo de locutor-titular do Repórter
Esso.
A seleção foi feita por diretores da McCann-Erickson Publicidade, Esso,
United Press e Emissoras Associadas de São Paulo. E a história de como fui
convidado a participar do concurso e venci mais de 300 candidatos, é longa e
deveu-se a uma ação audaciosa de minha parte. Aliás, há não muito tempo, em uma
entrevista ao Correio Mariliense, contei essa passagem. A única participação de
dona Rosina na história é o fato de o Homero Silva ter comunicado a ela, por
telefone, que eu tinha vencido o concurso e que eu deveria me apresentar até
dia 15 de agosto de 1950 para assumir o cargo.
Senti-me honrado por haver vencido o concurso e representar o nome de
Marília, apresentando, por quase 18 anos, um dos mais famosos noticiários do
radio-jornalismo brasileiro. E vivi esses anos intensamente, como locutor,
redator, tradutor e correspondente da United Press International, transmitindo
o noticiário, inclusive, de minha casa, de bares e da redação da UPI."
Bernardo Carrero no estúdio da Radio Club de Marília - PRI-2, tendo o palco-auditório ao seu lado direito.
Aniversário da Radio Clube de Marilia - 22 July 1949.