Tuesday, June 19, 2012

Publicações em Marilia

Correio de Marilia 1929.
'Correio de Marilia' 1935.
'Correio de Marília' revista de Natal 1945.
'Parque Infantil Monteiro Lobato' na esquina da rua São Paulo e rua Goiaz.
1947

publicação anual do 'Correio de Marília' - 1947; anúncio da Radio Clube de Marília - 1947.

Empresa Theatral Pedutti em 1947; 'Caixa d'agua' e anúncio do Foto Muzzi da Rua 9 de Julho, 1377.


o bahiano Miguel Argolo Ferrão, eleito prefeito de Marília pela U.D.N. em 1947.

'A Musical' loja de Atilio Cizoto, acordeonista do regional da Radio Clube de Marília; Juventude Católica da São Bento - 1947.

O jovem pe. Luiz Octavio Bicudo de Almeida, que chegara em Marília em Setembro de 1938, foi eleito vereador em 1947 com a maior votação do município; Ginásio São Bento em 1947.
'Correio de Marilia' 1948. 

paroquia de N.S. da Gloria.


O fotógrafo Carlos Muzzi é o 2o. da esq. p'ra direita, brindando aniversario de alguém.


Confraternização de funcionários da Tipografia Tilibra 1952.




'Correio de Marilia' 1956.
'Correio de Marilia' 1958.
verso da programação dos Cines S.Luiz & Marilia de Junho de 1962.
Carlos Normando e sua orquestra apresenta as letras para o baile de Carnaval do Yara Clube de 1963.

Monday, June 18, 2012

Jonas Garrett, Doalcey & Wolner Camargo

Marília-SP, não se sabe exatamente o porque, foi um grande polo exportador de talentos para o Radio brasileiro nos anos 40 e 50. Aqui estão algumas das personalidades que começaram ou passaram por Marília na época de ouro da Radiofonia nacional.

speaker Jonas Garrett.

JONAS GARRETT foi até 'garimpeiro'

Com 16 anos de idade, Jonas Garrett venceu em Jaboticabal, sua terra natal, um concurso de 'speakers' promovido pela PRG-4. Entretanto não foi desta vez que entrou para o radio. Seus pais se opuzeram a isso alegando que o 'menino precisava estudar'.

Jonas deu tempo ao tempo e mais tarde ingressou na própria PRG-4 até receber um convite para o cargo de locutor-chefe da PRI-2Radio Clube de Marilia. Trabalhou durante algum tempo e resolveu mudar de ares, seguindo para Rio Preto para atuar na Radio Rio Preto, que tem prefixo de PRB-8.

O 'broadcasting' da grande cidade paulista muito lucrou com concurso de Jonas Garrett. Em face do seu sucesso a PRI-8, da cidade de Araçatuba ofereceu-lhe uma proposta absolutamente vantajosa. Jonas não vacilou: apanhou um trem e, com malas e tudo, transportou-se para essa emissôra.

Foi pequeno, porém, o seu período de atividades ao microfone da I-8. Um dia deliberou transpor os limites do seu Estado para em terras mineiras fazer parte, em Uberaba, como 'speaker'-chefe, da PRE-5Radio Sociedade Triângulo Mineiro. Ainda hoje refere-se à Uberaba com as mais carinhosas e simpáticas palavras e diz mesmo que sente muitas saudades da boa e moderna cidade onde tem um largo círculo de amigos.

Abandonou Uberaba para assinar contrato com a Radio Difusora de São Paulo. Não satisfeito com a potente pêerre bandeirante procurou um descanso, uma vida mais agradável, livre do borborinho incessante das cidades grandes. Foi para Araguari, reforçando o 'cast' da PRJ-3.

Mas não demorou a sentir falta do dinamismo de uma capital. Como resolver o problema? Voltar para São Paulo? Não! E meteu a cara em Belo Horizonte para logo ser cortejado pela PRH-6Radio Guarani.

Pela primeira vez nutriu desejo de ser 'speaker' no Rio de Janeiro. Comprou passagem e embarcou no noturno mineiro saltando alí na Central do Brasil. Dois dias depois era locutor da antiga Radio Transmissora, onde comandou um programa romântico que constituiu um motivo de satisfação para o belo sexo.

Um certo dia, Luiz Ayala deixou a Mayrink Veiga e pum! Jonas Garrett passou a pertencer a familia de Edmar Machado. Hoje é um dos bons elementos da estação de Cesar Ladeira.

Desculpem, mas eu esqueci de dizer que Garrett antes de viajar para Araguari, embrenhou-se pelo interior do Brasil virando garimpeiro em busca de ouro! Que idéia essa de Jonas! Mas ele afirma que a vida assim é melhor! E é mesmo!

Revista CARIOCA de 2 Fevereiro 1946.

reportagem da revista Carioca com o 'speaker' Jonas Garrett, 'band-leader' Severino Araújo e o 'crooner' Ray Joseph.

Mais informações sobre JONAS GARRETT

João Anastácio Garreta Prates nasceu em 11 Maio 1921 em Jaboticabal-SP.  Ator e apresentador de programas sobretudo musicais. Foi demitido em 1964 logo após o golpe militar sob acusação de pertencer ao PCB - Partido Comunista Brasileiro.

DOALCEY  CAMARGO  &  WOLNER CAMARGO 


Sergio Paiva e Wolner Camargo ao microphone da Radio Club de Marília nos anos 1940.
jovem Doalcey Camargo em seus tempos de Marília.

Doalcey comandando a equipe esportiva da Radio Tupi do Rio de Janeiro; durante as transmissões da Copa do Mundo de 1970 pela Radio Tupi do Rio de Janeiro.

Trechos da entrevista de Doalcey Bueno de Camargo concedida a  André York do projeto "Narrar futebol é uma arte', de 2009.

Doalcey Bueno de Camargo nasceu em 18 Março 1930 na cidade de Itapólis-SP. Dodô como era chamado carinhosamente pelos amigos, faleceu em 29 Agosto 2009.

Você se considera um dos precursores da narração esportiva? 

Doalcey: “Eu tenho 63 anos de rádio. Eu me considero um dos veteranos do rádio, não digo a você que seja um grande expoente, mas eu trabalhei com muita gente importante. Eu trabalhei com Oduvaldo Cozzi, Waldir Amaral, Jorge Curi, Luiz Mendes, Osvaldo Luiz, Carlos Frias, Paulo Gracindo, Manoel Barcelos, Antônio Cordeiro.  Trabalhei com a nata do esporte brasileiro da Radio Tupi”.

Qual foi sua primeira Radio?

“Eu vim do interior de São Paulo para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro.  Quem me trouxe foi meu irmão Wolner Camargo, radialista que trabalhou na equipe do Ary Barroso em 1947.  Eu cheguei a conviver com o Ary Barroso, mas não trabalhei na equipe com ele, pois nessa época eu trabalhava anunciando os programas “.

Como surgiu a narração esportiva?

“Eu  vim da cidade de Marília-SP, onde eu narrava futebol. A Rádio Clube de Marília revelou vários nomes. Eu me transferi para a Rádio Globo no final dos anos 40, na equipe dirigida pelo Luiz Mendes”. 

São seis décadas no radio esportivo. Qual o futuro do radio?

“O futuro do Rádio é continuar a missão de integrar o país, divulgar o país, aplaudir as coisas bem feitas no nosso país, prestigiando os ouvintes.  O ouvinte é a nossa grande meta, porque quando nós atingimos em cheio o ouvinte, é porque nosso trabalho está sendo correspondido, e a nossa expectativa está sendo realizada, porque o ouvinte é tudo em nossa profissão”.

Entrevista com André York e Marcelo Ortiz: http://www.youtube.com/entrevistadedoalcei


Wolner Camargo nasceu a 25 Dezembro 1923. Iniciou a sua carreira na Radio Clube de Marilia em 1946. Mudou-se para o Rio de Janeiro-DF, tornando-se chefe do departamento esportivo da Radio Globo. Foi narrador esportivo na Rádio Tupi carioca também, onde trabalhava Doalcey Camargo, seu irmão mais famoso.

O saudoso radio-ator e dublador Ronaldo Baptista relata em 'Na Pele do Lobo', seu livro inédito, como foram aqueles anos da 2ª metade da década de 1950 e como Wolner Camargo, seu grande amigo, veio do Rio de Janeiro até chegar ao estúdio Gravasom.

A Rádio Bandeirantes acabara de arrendar os velhos estúdios da Rádio Emissora de Piratininga, na Praça do Patriarca, de onde tinha se mudado para a Rua 24 de Maio a procurava de novos caminhos. Edson Leite, diretor da Bandeirantes, iria implantar ali um estúdio especializado em rádio-novelas para concorrer com a poderosa Rádio São Paulo; aproveitando assim toda a nata do departamento de radio-teatro da Piratininga, que ficara orfão.  

Edson Leite contratou Augusto Baroni, diretor de rádio-teatro da Radio São Paulo. Junto dele veio sua mulher, a veterana Leonor Navarro,  além da filha novelista Nara Navarro e seu marido Benito di Nardo, sonoplasta.  Neuza Maria, Odair Baptista, jovem locutor mineiro e outros, migraram para a nova emissora, juntando-se aos novos contratados que vieram do Rio de Janeiro, como Wolner Camargo, Ênio Santos, Sonia de Moraes além do “cast” fixo da própria Bandeirantes. Uma verdadeira 'legião estrangeira' que teria que se entrosar e dar conta do recado. 

O fato é que a Radio Piratininga não tinha o carisma ou a 'audiência viciada' da Rádio São Paulo, ou a tradição naquela área, é que depois de algum tempo a coisa começou a dar p'ra trás. E a Bandeirantes encerrou o projeto, deixando a Radio São Paulo solitária no primeiro lugar em radio-teatro.

O elenco foi rapidamente dissolvido e cada um acabou voltando para o que fazia antes. Aquele sonho, infelizmente, havia acabado tão depressa como começara.

Nós voltamos para a Radio Bandeirantes. Alguns voltaram para o Rio de Janeiro. E outros, como Wolner Camargo e Neuza Maria, passaram a se dedicar às dublagens de filmes e seriados.

Atendendo a seu pedido, levei o Wolner  Camargo para a Gravasom, onde continuou mostrando o seu talento e se tornando um dos seus diretores de dublagem, um pouco mais tarde.

De lá, acabou galgando através de sua inteligência e personalidade postos muito mais altos. Wolner Camargo era uma pessoa envolvente e séria, casado com a radioatriz e depois também dubladora Neuza Maria."

trecho do livro 'Na Pele do Lobo' de Ronaldo Baptista

texto original de site sobre o estudio de dublagens ARTE INDUSTRIAL CINEMATOGRÁFICA - São Paulo - 1962 a 1976: AIC

http://universoaicsp.blogspot.com.br/2012/02/dublador-em-foco-102-wolner-camargo.html


A dublagem ainda dava seus primeiros passos com o pioneirismo do estúdio Gravasom. Glauco Laurelli era o Diretor Artístico enquanto que Wolner Camargo além de algumas dublagens já era diretor de dublagem devido a sua experiência com a rádio-novela.

Em meados de 1962, Glauco Laurelli, após dar o pontapé inicial na dublagem brasileira, prefere se dedicar à produção de filmes. No mesmo período, a Gravasom, através de um contrato com a Columbia Pictures, renova todo o seu equípamento na área da dublagem. Wolner Camargo passa a ser o Diretor Artístico do novo estúdio, que altera seu nome para AIC. Segundo alguns dubladores, o nome "Arte Industrial Cinematográfica São Paulo" foi sugestão do próprio Wolner Camargo. A idéia era fazer uma dublagem artística em rítimo industrial.

A filosofia era meio ousada para a época, mas foi exatamente que Wolner Camargo conseguiu implantar, alterando o método da dublagem, o qual foi copiado por outros estúdios que surgiram. Basicamente, o método de dublagem por "anéis" ou "loops" é mantido até hoje, mesmo sendo apenas um dublador na bancada. Também houve a necessidade de ampliar o quadro de dubladores e convida diversos radioatores para integrarem o elenco da AIC.

Com uma voz perfeita, nítida, e excelentes interpretações nas dublagens, Wolner Camargo esteve presente dublando e também dirigindo. Aqui uma pequena relação de algumas dublagens que conseguimos encontrar.

**Rod Taylor (Glenn Evans) na série Hong Kong, talvez a 1ª dublada pela AIC.
**Capitão Steve Zodiac na série de animação inglesa Fireball XL-5.
**Eddi Albert (Oliver Wendell) na série O Fazendeiro do Asfalto.
**Jim Redigo na série Império do Oeste.
**Participações no desenho Os Jetsons.
**Inúmeros personagens na série Cidade Nua, a qual também dirigiu.

**Dublagens em filmes, muitos infelizmente redublados. Destacamos a  dublagem do ator James Withmore no filme "Melodia Imortal" ao lado de Ronaldo Baptista.

**Voz do gravador na 1ª temporada da série Missão Impossível.
**Diversas participações dublando convidados nas séries: Viagem ao Fundo do Mar (1ª e 2ª temporadas), A Feiticeira, Perdidos no Espaço e O Túnel do Tempo (série que também dirigiu cerca de 50%)


Segundo nosso banco de dados, é no ano de 1967 que Wolner Camargo se retira da AIC por não concordar com os rumos que a empresa estava seguindo. Assim, sua esposa Neuza Maria também se retira do estúdio. Os dubladores Maria Cristina Camargo e Emerson Camargo, filhos de seu 1º casamento, também deixam a AIC.

Wolner Camargo vai para o Rio de Janeiro e lá, não temos certeza de que tenha realizado algum trabalho em dublagem, mas sim ligado a alguma distribuidora de filmes no Brasil.
Em 1972, retorna para São Paulo para dublar novamente pela AIC o personagem Cannon, personagem de grande sucesso no início da tv a cores no Brasil. Após a 1ª temporada, a série passa a ser dublada pelo estúdio Cinecastro, já com a sua filial em São Paulo.

Após a dublagem de Cannon, Wolner Camargo não retornou mais às bancadas de dublagem, segundo informações que obtivemos foi um dos representantes da distribuidora Viacom no Brasil.

Irmão do locutor esportivo Doalcey Bueno de Camargo (falecido em 2009), Wolner Camargo faleceu em 1997, aos 73 anos, deixando um grande legado para a dublagem brasileira.

Raul Brunini empunhando um microfone durante visita de Fidel Castro ao Rio de Janeiro-DF. 

Saturday, June 16, 2012

RADIO CLUB DE MARILIA - PRI-2


foto promocional de Hildebrando Bonamini para a PRI-2
sonoplasta Cândido Piedade, o famoso Candinho.
locutores Sergio Paiva e Wolner Camargo - PRI-2. Paiva foi um dos 1os speakers marilienses a fazer fama fora: transferiu-se para a Radio Tamoyo do Rio de Janeiro-DF.
Vereador Adhemar de Toledo no palco-auditório da Radio Club de Marilia.
Cantora não identificada sendo acompanhada pela Orquestra do maestro Schubert Araújo Silva, no Tennis Club de Marilia na Avenida Sampaio Vidal. 
Regional da Radio Club de Marília com o acordeonista Atílio Sizoto e o violonista Octavio Lignelli. Sizoto gravou um 78 rpm pela Odeon em 1940 com duas valsas de sua autoria: 'A voz do coração' e 'Laura'.
Octavio Lignelli segura o violão, Miguel Neto segura o microfone e o flautista João Anequini passa em 1o. plano.
Faixa anuncia apresentação de Raul Tôrres, Florêncio & Rieli, em 1945, quando a Radio Club ainda era em cima do Cine-Bar, na Avenida Sampaio Vidal.
show de Raul Tôrres, Florêncio & Rieli na maquize da PRI-2 em 25 Fevereiro 1945.
fila dobrando a esquina para assistir a matinee do Cine Marilia ou a um programa de auditório da Radio Club de Marília.
o feliz publico mariliense lota as dependências do auditório da Radio Club de Marília nos anos 1940s.
Paulo Machado de Carvalho, dono da Radio Record, a Maior, é o 2o. da esquerda p'ra direita em foto de 8 Julho 1943.
homens ligados ao radio em reunião no Rio de Janeiro. Oscar de Moraes, o 1o. dono da PRI-2, é o segundo homem em pé, da esquerda p'ra direita. Ele veste terno branco.
 mais uma convenção de homens ligados ao radio.
funcionários da Radio Club de Marília nos anos 1940s.
Alice Rodrigues, funcionária exemplar da Radio Club de Marília.
Octavio & Pedrinho, dupla caipira que se apresentava na Radio Club de Marília.

Rosina de Moraes Costa e Marília

No início, o rádio objetivava alta qualidade em seus programas, como expressa o radialista Wolner Camargo em artigo do Jornal Correio de Marília, no Natal de 1945, em sua coluna “Rádio e Educação”: “Indiscutivelmente, o rádio constitui um dos meios mais práticos e acessíveis à educação das massas”. Nesta fase, a programação musical era composta de musica erudita, audições de piano e música de câmara.

Localizada inicialmente no prédio ao lado do antigo Cine Bar, na Avenida Sampaio Vidal a PRI-2 tinha um grande auditório denominado Fernando Moraes Costa e lá eram realizados programas com a participação do público, programas de estúdio e audições de musica clássica. Sob a administração de dona Rosina de Moraes Costa, viúva do radialista Fernando Getúlio Costa, que foi sócio-proprietário de Assis Chateaubriand na Rádio Difusora de São Paulo.

D. Rosina foi grande incentivadora e promotora dos locutores que se destacavam na PRI-2, encaminhando os melhores para as Rádios Tupi e Difusora de São Paulo.

Rubens Coca Ramos, hoje jornalista, foi técnico de som da PRI-2 e Darcy Martinez Ramos, sua mulher, foi cantora e ‘Rainha do Radio’ na mesma emissora. Eles lembram o ambiente artístico dos anos 50 e o que acontecia no auditório da Radio Clube de Marília.

“A música regional tocava muito no rádio aqui em Marília. Muitos se destacaram nos programas de auditório como a dupla Vieira & Vierinham, que tocavam o estilo cateretê e gravaram mais de dez discos 78 rpm. Caim & Abel, que inicialmente eram Bolinha, Esmeralda & Periquito. Dentre os trios repentistas havia Zé Mineirinho, Tajubi & Lia Moreno, que ficaram famosos com a musica “Comigo é oito ou oitenta”.

Na musica popular havia o talento de Clarice Sanches interpretando várias canções de Otavio Lignelli, tendo gravado o disco “A flor do amor”, fazendo dupla com o cantor mariliense Francisco Alves (não confundir com o Rei da Voz). Coca nos lembra também de Meire Vendromam, que hoje é proprietária de uma emissora de TV na Argentina.

Outros sucessos nos programas de rádio foram Joaquim Dias, conhecido como 'Sabonetão', Carlos Bortolotti, José Marques Beato e a esposa Maria Candelária; a Orquestra de Feis Féres, musico e patriarca de uma família musical que encantou toda a cidade por muitos anos em bailes e carnavais. 

No auditório da Rádio Clube faziam sucesso “Domingo é nosso”, “Romance do riso e do ritmo”, “Roda Gigante”, “Programa Infantil”, este último patrocinado pelo Pastifício Marília e que fazia a alegria da criançada nas manhãs de domingo junto com a Ailiram que distribuía as famosas “Balas 7 Belo”(balas mastigáveis).

Antes dos programas radiofônicos havia apresentações circenses, com artistas de circo que por ventura estavam visitando a cidade no momento, como Circo Garcia, Circo Teatroscope. As crianças ganhavam ingressos para o circo e a diversão do domingo a tarde ficava garantida.

O Regional de Octavio Lignelli acompanhava tanto calouros como profissionais, tendo o mestre Lignelli ao violão, Deodato Stefanini no acordeão, João Correa Neto ao violão, João Anequini na flauta e Erasmo Gonçalves no 3º. violão.

Nos anos 1950, enquanto na Radio Nacional do Rio de Janeiro havia uma rivalidade entre Emilinha Borba e Marlene que se degladiavam para vencerem o concurso de Rainha do Rádio, em Marília não era muito diferente.

Em 1963, houve uma disputa que aconteceu nas Radios Dirceu, Vera Cruz e Clube de Marília, e a vencedora foi Darcy Martinez, que relembra o acontecido: “Os ouvintes tinham que ir até os estúdios de uma das emissoras e votar. No dia da coroação, havia muitas apresentações musicais culminando com a revelação da vencedora, sua coroação e a passagem da faixa.”

texto escrito por Wilza Matos.

Cartazes Sul Americanos em Marília-SP. 
Roberto Vargas, cantor uruguayo que se apresentou em Marília em 24 Março 1948.
Brasil Queirolo em retrato feito no Foto Muzzi em Marilia.

Nery Porchia: Lembram-se do Brasil Queirolo, que cantava pelo Brasil afora? 

Augusto Milaré: Se não me falha a memória, trata-se de Brasil José Carlos Queirolo, nascido e criado no Circo Irmãos Queirolo e depois tornou-se o conhecido Palhaço Torresmo.

Milaré: Carlus, o Circo Irmãos Queirolo era de proprietários espanhóis, ou de língua espanhola, uruguaios talvez. O nome de Brasil deve ser homenagem ao país, ou então adotado.

Palhaços Fuzarca e Torresmo visitam o Club do Papai Noel, na TV Tupi, Canal 3 - tendo a menina Sônia Maria Dorce e Homero Silva no meio. 
Fuzarca (Albano Pereira Neto) & Torresmo (Brasil José Carlos Queirolo) no auge da fama nos anos 1950s.
palhaço Chicharrão era Jose Carlos Queirolo, que veio do Uruguay para o Brasil em 1912. Batizou um de seus 11 filhos de Brasil.
Cantor latino-americano Tino ou Tim Marzo, provavelmente uruguayo ou argentino, já que de descendência italiana, em foto de 1949.
Doalcey Bueno de Camargo nasceu em Itápolis-SP, em 1930 e faleceu no Rio de Janeiro em 29 de agosto de 2009.
Walter Silva (o popular Pica-Pau) e Geraldo Tassinari no departamento de divulgação da Radio Nacional de São Paulo nos anos 1950.

WILSON MATOS  &  BERNARDO CARRERO 

Entrevista de Wilson Matos e Bernardo Carrero à Nery Porchia, nos estudios da Faculdade de Jornalismo da Unimar em Marília, realizada em Abril de 1998.

Bernardo Carrero nasceu em 11 Agosto 1929, em São José do Rio Prêto-SP e faleceu em 3 Agosto 2007. 

Wilson Matos: ... e sempre davam palpites 'Você tem voz boa!' Por que v. não tenta ser locutor de rádio!' E havia aquela familiaridade da Radio com o publico através do programa-de-calouros. Aí começamos em 1947, 1948 a participar dos programas-de-calouros, ganhando alí um prêmio do Café Propheta, e alí fomos nos familiarizando com o microfone. Até que veio um convite p'ra que nós, no dia  17 de outubro de 1951, assumíssemos o nosso horário dentro da Radio Club de Marília, numa célebre tarde, as 15:30.

Nery Porchia: Bernardo, v. estava mais na locução esportiva. Tinhamos grandes nomes como Sergio Paiva, Raul Brunini.  Quando você começou?

Bernardo Carrero:  Antes de chegar na Radio Club de Marília, em 1946, eu fazia o Gymnasium do Estado, na Avenida Sampaio Vidal. Na época, o diretor era o professor Amilcar Mattei. Na minha classe, a 3a. série ginasial, existiam alguns elementos que militavam na Radio Club: Doalcey Camargo, Milton Camargo, Geraldo Tassinari e depois, na mesma classe, apareceu o Dalmácio Jordão. A professora de português Berta Camargo Vieira, era muito exigente e devido às aulas de leitura, o Doalcey e Milton falavam: 'Carrero, você tem voz boa. Você não gostaria de trabalhar na Radio Clube?' Então eu comecei a frequentar a Radio em 1946 e 1947.

Amelia Paiva Bertonha comenta: ‘Eu estava nessa classe do Gymnasium e me divertia com Geraldo Tassinari, que toda hora fingia ser locutor e irradiava as nossas travessuras dos intervalos entre as aulas...Ariel Fragata também foi um locutor muito bom da Radio Clube. Ele morava na esquina da Rio Branco com a rua São Luiz. Depois partiu para outro ramo que não o radio. 11 Dezembro 2012.

Bernardo Carrero continua sua narrativa: Em 1949, surgiu a grande oportunidade. O Luiz Ayala, que era locutor-chefe, me viu lá e pediu um teste, por indicação do Tassinari, e me lançou, inicialmente como locutor comercial. Ele gravava lá algumas novelas e eu lia aqueles textos e aparecia no Programa Infantil, na época patrocinado por Fazenda Santa Maria do Aguapeí de Vito Camargo Bodini (e depois pelo Pastifício Marília, que ficou muito tempo). E eu lia aqueles textos e fui me soltando, no começo meio trêmulo, e do lado o regional do professor Octavio Lignelli e o animador o Luiz Ayala, que já tinha trabalhado na Radio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro. Até me encaixar definitivamente na radio, depois como noticiarista.

Em 1952, Geraldo Tassinari foi p'ra São Paulo e passou num teste da Radio Nacional, que tinha um departamento esportivo comandado pelo Wilson Brasil, tendo Jaime Moreira Filho, Helio Priolli etc. Tassinari indicou meu nome para dona Rosina Moraes Barros, que era a proprietária da Radio Club em sociedade com Ulisses Milton Ferreira. Concorri com outro candidato, Muybo Cesar Cury, que se propôs a fazer narrativas-de-futebol. Fomos ao estádio e gravamos com aqueles gravadores que tinham um araminho em vez de fita. E na apreciação de dona Rosina e Lignelli eu fui o vencedor. Tassinari partiu p'ra São Paulo e me transferiu o comando do departamento esportivo da Radio Clube de Marília. Radio reportagem, A Voz da Polícia, com o Wilson Matos, programas de auditório, fui animador do Programa Oportunidade, aos sábados, das 8 as 9 horas da noite que era patrocinado pelo Café Propheta do Lazinho.  Até 1970 que me desliguei, quando passei a me dedicar exclusivamente à Caixa Econômica do Estado de São Paulo, onde eu também era funcionário. 

Nery Porchia: Sergio Paiva foi p'ro Rio de Janeiro o 1o. locutor de Marilia a ir p'ro Rio p'ra Radio Tupi do Rio. Luiz Ayala veio do Rio através da Radio Tupi de S.Paulo.  Doalcey Camargo. O Reporter Esso as 20 horas com Heron Domingues... a Radio Tupi re-edita...

Bernardo Carrero: Marilia foi uma verdadeira escola de radio. Jaime Martins (TV Cultura), foi meu colega no Gymnasium; um que apareceu no 'Programa Oportunidade' foi o James Bemprie (?) diretor de jornalismo; Amaro Cesar, Jonas Garret (foi p’ra Globo do Rio); Wolmer, Sergio Paiva, Omar Nunes, Omar Cardoso...

Dalmácio Jordão intervem posteriormente para corrigir o que Bernardo Carrero falou sobre como ele (Dalmácio) se tornara o locutor do Reporter Esso da Radio Tupi de São Paulo:

"Parabéns à Wilza por postar essa relíquia e também ao Nery pela excelente entrevista com Bernardo Carrero e Wilson Matos. Apenas uma observação e esclarecimento com relação a uma citação do Bernardo: d. Rosina de Moraes Costa, proprietária da Radio Clube de Marília e Homero Silva, na época locutor-chefe da Radio Tupi de São Paulo, eram, realmente, amigos, mas nada tiveram a ver com minha seleção para o cargo de locutor-titular do Repórter Esso.

A seleção foi feita por diretores da McCann-Erickson Publicidade, Esso, United Press e Emissoras Associadas de São Paulo. E a história de como fui convidado a participar do concurso e venci mais de 300 candidatos, é longa e deveu-se a uma ação audaciosa de minha parte. Aliás, há não muito tempo, em uma entrevista ao Correio Mariliense, contei essa passagem. A única participação de dona Rosina na história é o fato de o Homero Silva ter comunicado a ela, por telefone, que eu tinha vencido o concurso e que eu deveria me apresentar até dia 15 de agosto de 1950 para assumir o cargo.

Senti-me honrado por haver vencido o concurso e representar o nome de Marília, apresentando, por quase 18 anos, um dos mais famosos noticiários do radio-jornalismo brasileiro. E vivi esses anos intensamente, como locutor, redator, tradutor e correspondente da United Press International, transmitindo o noticiário, inclusive, de minha casa, de bares e da redação da UPI." 
Bernardo Carrero no estúdio da Radio Club de Marília - PRI-2, tendo o palco-auditório ao seu lado direito. 
Aniversário da Radio Clube de Marilia - 22 July 1949.