Thursday, November 14, 2019

Templo Tenrikyo in the 1930s

1928 Fazenda Flora in Cafelândia-SP - 'Shudansho' or 'congregation-house' today would be called 'Fukyosho' (missionary house). 

1937 - 'cerimônia da cuminheira'; one can see Sanbra warehouse in the right-hand... 
1937 - same day: the leader of Baurú congregation, Shujiro Otake (wearing a suit) is flanking Sumi Nozaki...

1951.
Avencas 1940 - Colonia 'Daidou-Shokuminti' was popularly known as 'Igreja Marilia III' or 'Igreja Progresso' due to its being situated at Bairro Progresso in Avencas-SP. Rev. Hatijuro Nozaki was its leader; the main families were: Sassaki, Doy, Imaizumi, Fushimi, Kimura, Nomoto, Maekawa, Ueda etc. 
Avencas.
 rural life then...




Monday, November 11, 2019

Eppinhaus Barbalho Family in Marilia

Regina Lucia Eppinghaus Barbalho with Pe. Luiz Bicudo, algebra teacher Gandur at the magnificent Art-Deco Ginasium building on Avenida Sampaio Vidal.
12 year-old Liana Eppinghaus at 2nd year ginasial at Instituto de Educação de Marília, in 1960.
Liana Eppinghaus Barbalho Silva Teles posted this photo at FB's 'Memória de Marília' and wrote a few lines:

Retrato no muro 1960

Essa foto me comove. Sempre. Por tudo que ela revela, por tudo que ela mostra e esconde. Éramos adolescentes da 2ª série do curso ginasial (do hoje Instituto de Educação Monsenhor Bicudo de Marília) – 12 anos, algumas pouco mais velhas. Trazemos nos corpos e nos rostos a esperança da adolescência, a alegria de viver, a convicção de um mundo bom. Olhem nossos rostos. Estamos felizes. Somos felizes. E rimos por qualquer coisa... no recreio, na classe, nos corredores e nos jardins do Ginásio.

Agora vejam o cenário... Meu Deus, uma parede quase destruída! Frente ao politicamente correto, frente à mania de limpeza e aos ambientes assépticos de hoje, podemos estranhar uma escola com um lugar tão cheio de pichações... O que ela expõe? A passagem das pessoas por ali: são nomes e datas, bilhetes amorosos, coisas engraçadas (deve ter palavrão também) que ficaram como os traços dos alunos que passaram pela escola... que vibraram e torceram por seus times nesses degraus da quadra, meninos que ficavam olhando as meninas nas aulas de educação física, de sainha branca pregueada e pernas de fora! Muitas histórias testemunharam essa parede e esses degraus... de onde brotam vidas!
E ali estamos, orgulhosas, junto à nossa professora de Canto Orfeônico, Dna. Ruth, também orgulhosa! Ninguém parece se incomodar com os grafites, não nos preocupávamos se o local estava “limpo”. (Como eram simples esses tempos!) Mesmo porque o grafite é como o desenho do Neanderthal nas cavernas: é a prova de que ele passou por aquele lugar. O grafite conta uma história, sempre. Há que ouvi-la.

Sinto muito orgulho de ter estudado numa escola pública, tão séria naquelas décadas! Dos degraus da quadra modesta, a nossa classe encarava o futuro com absoluta confiança!

Liana Eppinghaus Barbalho writes at Memória de Marília, Cidade Símbolo de Amor e Liberdade.

Toda foto tem um sentido; conta uma história, revela fatos...Há que buscá-los.

Minha mãe, Regina Eppinghaus e meu avô, Columbano Eppinghaus, no terraço da casa que meu avô construiu na rua Álvares Cabral. Meu avô chegou em Marília em 1936, a convite de Bento de Abreu Sampaio Vidal, para, como engenheiro, construir um novo Ginásio e, como educador, também ser diretor do estabelecimento. Minha mãe foi professora lá, lecionou primeiramente música e depois  História.

A foto é de 1939, 1940, quando a casa deve ter ficado pronta. Até essa data eles moraram no Líder Hotel.

As ruas da cidade ainda não eram calçadas, era só poeira. Os terrenos eram cercados por cercas de madeira como podem ver na foto da casa e havia pouquíssimos vizinhos.

O que gosto dessa foto, além de poder ver o carinho entre pai e filha, e a cadeira de balanço de minha avó, é o chão desse terraço, feito de ladrilhos hidráulicos. Me lembro dele até hoje, porque quando criança me sentava ali para ouvir a conversa "de gente grande"... a vizinhança vinha visitar meus avós, todos os dias, de tardezinha, para por o papo em dia...

Laércio Barbalho & Regina Lúcia Eppinghaus in their lounge next to their beloved Siemens Hi-Fi record player-cum-radio and an added little bar to boot. 

Meu pai e minha mãe orgulhosos diante da aquisição recente e tão esperada: uma vitrola marca Siemens, com rádio, toca-discos e um barzinho, com luz vermelha! Destaque da sala. Meus pais gostavam muito de música; minha mãe ouvia clássico – principalmente piano e grandes concertos - mas acompanhava meu pai no gosto pela MPB: Dorival Caymmi “Eu vou p'rá Maracangalha...”, Noel Rosa “Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa...”, frevos, Trio Irakitan “Só deixo o meu Cariri no último pau de arara”..., Maysa “Ouça, vá viver a sua vida com ouro bem”...

Mas era o rádio que funcionava a toda! Difícil compreender totalmente a sua importância nos anos 40, 50, 60, até a televisão chegar de vez. Não havia casa sem aparelho radiofônico, ao redor do qual a família se reunia, para ouvir transmissões de futebol, jornais diários, rádio dramaturgia, programas humorísticos (como “Balança mais não cai”, do Rio de Janeiro), programas femininos e religiosos, a propaganda (os reclames), programas de calouros e tantos mais. Meu marido, José Jaime da Silva Teles Filho, não perdia a novela “Jerônimo, o herói do sertão”; lembra-se do barulho das patas do cavalo (sonoplastia perfeita)...

E os discursos políticos? Todos eram transmitidos. Meu pai, Laércio Barbalho, leu vários textos seus, saudando membros do governo, como esse “Contribuição de São Paulo na formação do Brasil”, por ocasião do banquete oferecido ao dr. Adhemar de Barros. Tenho um recorte de seu texto “Santos Dumont”, lido em nome do Aero Clube de Marília no microfone da PRI-2, em 23 de outubro de 1943.

As principais emissoras eram do Rio de Janeiro;  Rádio Mayrink Veiga e Rádio Nacional. Elas tinham grandes auditórios, promoviam programas ao vivo, desde concertos clássicos até programas de calouros com distribuição de prêmios. Mas sucesso era a disputa da “Rainha do Rádio”- Marlene ou Emilinha Borba, com enormes fã-clubes (o programa favorito da nossa Cida, que trabalhava conosco; ela ouvia em seu quartinho, nos fundos da casa). Na época do Carnaval, concursos de marchinhas eram outro sucesso...

Eu não perdia “Um piano ao cair da tarde”, na Rádio Eldorado de São Paulo e outros da Bandeirantes. Nessa época já tinha meu rádio portátil, de capa de couro e do tamanho de um tijolo, que eu levava para todo lugar, até para a praia em Santos. Pela Rádio Dirceu de Marília eu ouvia as paradas de sucesso e um programa em que as pessoas ofereciam músicas para namorados, amigos. Nessa época a gente vibrava com Elvis Presley, o twist, Ray Conniff, mas os meninos nos ofereciam Nelson Gonçalves; acho que por causa das serenatas, das músicas românticas das serestas. Fingíamos que gostávamos!

Só andávamos a pé e à medida que caminhávamos pelas ruas, podíamos ouvir os sons do rádio que vinham das casas. Às 6 da tarde a “Ave Maria” era sagrada. Um de meus vizinhos, Sr. André Scavazza, gostava de ouvir musica caipira (que ainda não era música sertaneja). E mais tarde, às 7 ou 8 da noite, a voz inconfundível de Herón Domingues e seu “Repórter Esso”. O Rádio ao lado do Cinema, moldou nosso jeito de ser.

Liana Eppinghaus Barbalho Silva Teles, 17 April 2021. 

a 9 year-old Liana at the front garden of her house on Rua Alvares Cabral, 278, in 1957.

Rua Álvares Cabral, 278, in 1957

Quantas coisas pode uma fotografia revelar e fazer lembrar! No jardim de casa, aos 9 anos, estou posando para mostrar o toldo novo que meu pai havia mandado colocar no abrigo para o carro. Em poucas casas havia garagem, os automóveis eram escassos... Éramos privilegiados por possuir um, na época um pequeno Mercedes Benz “a óleo cru” (devia ser diesel), de cor azul, um xodó de meu pai.

Esse toldo vermelho e branco dava um toque alegre à casa, construída no início dos anos 40. A nossa casa havia passado por uma reforma e ganhou um jardim de inverno (o terraço foi envidraçado), cheio de plantas. Minha mãe tinha muito bom gosto para decoração, que era em estilo americano moderno (que ela via em revistas): os móveis laqueados de diferentes cores, pintados por ela mesmo, paredes da sala em azul-escuro e vermelho, iluminação indireta, com muitos abajures. Bem diferente das casas que eu conhecia, como a da minha tia Yolanda (Coriolano): móveis escuros e pesados, ambiente austero, conservador – ameaçador para uma criança.

Na foto dá para ver a construção da casa dos Guillaumon.

Estou de shorts e provavelmente descalça - não havia havaianas ainda – essa costumava ser a indumentária fora da escola. Assim corria solta pelo quintal, subia em árvores (mangueiras, goiabeiras, pitangueiras), perseguia as galinhas e o cachorro. Pulava o muro e ia encontrar a minha amiga Cláudia Dutra, pois nossos quintais se comunicavam Na rua com as outras crianças, jogava queimada, búlica (bola de gude), brincava de esconde-esconde, pega-pega. Um pouco mais tarde ganhei uma bicicleta Monark, grená, e passeava pelos quarteirões...até que a mãe chamava no portão... 


Liana Eppinhouse and Patricia Senne in Washington, D.C. in September 1965.

Two Marilia-natives at the White House in Washington, D.C. 


Em 1965, Patrícia Senne e eu participamos de um intercâmbio estudantil nos Estados Unidos, promovido pelo AFS (American Field Service). Os intercâmbios daquela época eram bem diferentes – a permanência de um ano era obrigatória, em família escolhida cuidadosamente para haver uma boa adaptação, de ambos os lados. Havia uma batelada de testes e entrevistas - afinal, tínhamos apenas 15 anos, era preciso saber se conseguiríamos ficar esse tempo todo longe da família (a comunicação era difícil, só por telefone e caríssimo! - restavam as cartas...). A estadia não era paga, mas quem desejasse, poderia fazer uma doação de 500 dólares para a instituição.
 
Eram mais de 1000 estudantes do mundo inteiro espalhados pelo país inteiro. Nós duas, colegas de classe e muito amigas, viajamos em turmas diferentes; Patrícia foi para Ohio e eu para o estado de Nova York. Frequentámos a escola (a High School), numa série equivalente ao 3º colegial e devíamos obediência à família, por nós inteiramente responsável. Foi uma experiência magnífica em que aprendemos muito, mas também não foi fácil. Durante esse ano eu não vi a Patrícia, mas nos correspondíamos bastante, falando sobre Marília, os nossos amigos, e muitas vezes criticando o “American way of life”, muito diferente do nosso. Recebíamos inúmeros convites para palestras, para falar sobre o Brasil; oportunidade para conhecer  “exchange students” (bolsistas) de outros países e aprender também.

O último mês passamos viajando por alguns estados, ficávamos dois ou três dias com novas famílias. O ônibus tinha mais 30 estudantes de vários países – no meu havia mais um mineiro e uma gaúcha e finlandeses, suecos, italiana, uma menina do Irã, etc – Essa viagem também foi inesquecível e divertidíssima; estávamos saudosos de nossas famílias e países, o ambiente era descontraído e de muita confraternização. A última cidade da “bus trip” era Washington D.C., onde permanecemos por 3 dias antes de tomar o avião de volta. 

Pois foi lá que encontrei a minha querida amiga, finalmente, precisamente na Casa Branca, numa recepção que o Presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, ofereceu a todos os bolsistas. (Como o estudante era valorizado e respeitado naquela época! A gente até esquece...). Ainda tivemos uma recepção na Embaixada Brasileira, em que o Embaixador Juracy Magalhães ofereceu aos mais de 200 estudantes brasileiros uma deliciosa feijoada! E voltamos para casa...Patrícia para Marília e eu para São Paulo, onde já morava... Não sei se fomos as primeiras, mas depois muitos marilienses também fizeram o AFS.

Liana Eppinghaus Barbalho Silva Teles with the White House in the background. 
Liana looking at Bill Evans' album 'Conversations with myself' circa 1967-1968.